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Tese de Doutorado
Título | Papa tapia rete marangatu (que nossos corpos tenham sempre algo bom para contar). A experiência religiosa guarani como ato de dizer-se |
Autor | Chamorro, Arguello, Cândida Graciela |
Área de concentração | Teologia e História |
Orientador(es) | Deifelt, Wanda |
Banca Examinadora |
Deifelt, Wanda Porath, Renatus Bobsin, Oneide Schmitz, Pedro Ignácio Oro, Ari Pedro Oro |
Data da Defesa | 14/10/1996 |
Palavras-Chave | |
Resumo |
No conceito-existência "palavra" reside o ponto forte de todas as criações dos Guarani. Ela é o tecido elementar que trama a auto-compreensão dos grupos, sua cosmologia e sua experiência religiosa. Este trabalho tem a intenção de transcrever essa experiência indígena para uma linguagem teológica que reconhece as tradições não-cristãs como locus de revelação divina. Inicia situando este gênero de pesquisa frente à teologia cristã ocidental, que somente nas últimas décadas tem deixado de olhar os grupos indígenas como povos que tinham que ser reduzidos ao cristianismo. A seguir apresenta algumas informações históricas e antropológicas que depõem a favor da centralidade da palavra no grupo. Na seqüência destaca como essa palavra foi o meio através do qual os Guarani resistiram à missão cristã ou se libertaram das reduções, quando a "nova palavra" revelou-se intolerante ao modo de ser indígena. Apesar de silenciada posteriormente nos povos de índios tutelados por franciscanos e jesuítas, a palavra guarani prevaleceu às perseguições e ao anti-indigenismo de quatro séculos. Longe de ter sido suplantada pelo cristianismo, ela reaparece no início deste século como o núcleo gerador de uma teologia contemporânea autóctone na América Latina. Esta teologia não é uma dogmática sobre Deus, mas uma profunda reflexão sobre a vida, sobre o mundo e sobre os seres humanos na sua significação divina. A divindade não é estranha ao mundo. Este é a sua morada e como tal está impregnado de sua virtude teologal, a palavra. Neste mundo deificado, porém, o ser humano vive a consciência do mal que assola a terra e fecha o cerco sobre as comunidades indígenas. A salvação envereda, assim, na ritualização do que outrora foi uma experiência ecológica possível. Num diálogo religioso com os Guarani, um dos horizontes que se abre para a ação é o compromisso ético de engajar-se na restituição da terra, o que para os indígenas significa a restituição da força transformadora de sua palavra. Então, eles não comunicarão apenas palavras, mas alcançarão a plenificação divinizadora à qual estão destinadas todas as coisas. |
Abstract | In the existential-concept "word" inhabits the strong point of all Guarani creations. It is the elemental fabric that weaves the identity of the groups, their cosmology and their religious experience. This work proposes to write this indigenous experience into a theological language that recognizes the non-Christian traditions as a place of divine revelation. It begins by locating this type of investigation in relation to the occidental Christian theology, which only in the last decades abdicated from seeing the indigenous groups as people who have to be reduced to Christianity. After that, it presents some historical and anthropological information to show the central role of the word in the group. Then, I show how this word has been the medium, through which the Guarani resisted against the Christian mission or freed themselves from the reductions, when the "new word" proved to be intolerable according to the indigenous way of life. Even it has been silenced afterwards among the indigenous people under the guardianship of Franciscans and Jesuits, the Guarani word prevailed over against the persecutions and the prejudice of four centuries. Far from having been eradicated by Christianity, it reappears at the beginning of this century as the unique generator of a contemporary autochthonous theology in Latin America. This theology is not a dogmatic about God, but a deep reflection about life, world and human beings in its divine meaning. Divinity is not strange to the world. This is its place, and as such, it is permeated by its theological virtue, the word. In this deified world, however, the human being lives in consciousness of the evil that destroys the land and encapsulates the indigenous communities. In this way, salvation takes the direction to the ritualization of what was before a possible ecological experience: the new land and the good way of being. In a religious dialogue with the Guarani, a horizon open for action is the ethical commitment in favor of the restitution of the land, which for the indigenous means the restitution of the transforming power of their word. So, they do not communicate just words, but also the divine plenitude to what everything is destined. |
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