Como mulheres vão elaborando seu discurso e sua educação teológica a partir das suas vivências? Esta é a pergunta que acompanha toda a pesquisa. A autora foi em busca de mulheres que tinham histórias para contar a partir de experiências vividas nas comunidades luteranas da região sul do estado do Rio Grande do Sul. Área rural, com grande parte da população de origem pomerana, e com uma experiência de trabalho comunitário através de uma organização não-governamental, Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (CAPA), gestada inicialmente pela Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB). Se aproxima de mulheres que participaram de cursos de promotoras de saúde, cursos de alimentação alternativa, encontros, dia da Igreja, reuniões da paróquia, enfim saíram de casa, do seu caminho para outros espaços. Entre tantas que a autora conhece, escolhe seis mulheres que contaram sobre suas histórias. A pesquisa de campo se estendeu entre os anos de 1994 a 1998. Todo trabalho de aproximação e pesquisa foi atravessado principalmente por leituras em Paul Ricoeur, Suely Rolnik, Paulo Freire, Elizabeth Fiorenza e Rebecca Chopp. Tornar a fala um texto, uma textualização possível de ser interpretada e criar a ação narrativa como possibilidade de perceber nas histórias de vida fragmentos de educação teológica. A autora buscou uma orientação metodológica que possibilitasse a interação sujeito-sujeito, e encontrou no interacionismo simbólico e no feminismo o argumento necessário para estabelecer seus vínculos de pesquisa. Por isso fica muito à vontade para trazer a narrativa das mulheres, na forma transcriada para dentro do corpo do texto, não deixa às margens a fala delas. Também apresenta a própria narrativa compondo assim, a opção de analisar o que significa estar sendo pesquisadora no processo de escolha do "objeto" de pesquisa. O texto conclui que, em especial, as mulheres, precisam estabelecer maior contato com a narrativa para aprender a registrar com palavras os seus processos de aprendizagem e, construir conhecimento. Fazer teologia dentro e fora da Igreja, com fragmentos num processo que a autora nomeia de educa-teologiza-ação.