Esta tese estuda a relação entre Eucaristia e conflitos comunitários. Por conflitos comunitários entende-se um determinado confronto de posições e expectativas que existe nas comunidades cristãs em que membros se engajam na luta por terra, teto, trabalho. Enquanto estes clamam pelo apoio da comunidade, outros, por causa de suas posses, estabilidade, ou seus medos e preconceitos, sentem-se ameaçados. Argumentam que a Igreja não deve assumir uma tarefa que não lhe cabe. Qual o papel da comunidade eucarística diante da viúva pobre que, despejada pelo poder público, pede por ajuda para arranjar outro local "pra nóis colocá nossa casinha"? Seria suficiente responder que "uma coisa é a (...) fé e a Santa Ceia", mas que o caso da viúva "é outra coisa"? Começando por uma investigação acerca da tradição judaico-cristã das refeições comunitárias, analisam-se a instituição da ceia do Senhor e o seu lugar na convivência cristã, até meados do terceiro século. Depois de examinar o conceito koinonia, pergunta-se como se deu a relação entre Eucaristia e conflitos comunitários na vida das comunidades primitivas de Jerusalém e de Corinto. Um outro capítulo descobre e aprofunda referências norteadoras da Reforma do século XVI que ajudam a refletir o assunto posto. Finalmente, são assinalados caminhos possíveis para uma aproximação prática entre Eucaristia e conflitos comunitários. Partindo da constatação de que as pessoas estão em busca de um Deus que ajuda, ampara e protege, a ceia do Senhor ou Eucaristia é compreendida como oportunidade que pode despertar atitudes de ajuda, apoio, amparo e proteção junto às pessoas que clamam por terra, casa, pão.