ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA
INSTITUTO ECUMÊNICO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TEOLOGIA 

Banco de Teses e Dissertações

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Tese de Doutorado

Título

Deus está presente – O diabo está no meio: O protestantismo e as estruturas teológicas do imaginário religioso brasileiro

Autor

Schultz, Adilson

E-mail


Área de concentração

Teologia Prática

Orientador(es)

Bobsin, Oneide

Banca Examinadora

Bobsin, Oneide
Gaede Neto, Rodolfo
Schaper, Valério Guilherme
Eggert, Edla
Mariz, Cecilia Loreto

Data da Defesa

17/02/2005

Palavras-Chave

Imaginário religioso, Protestantismo, Igrejas evangélicas, Mal, Mística; Religious imagery, Protestantism, Evangelical churches, Evil Mysticism

Resumo

O imaginário religioso brasileiro manifesta a presença de Deus; o sagrado viceja no candomblé, no espiritismo, no catolicismo, na umbanda, nas igrejas evangélicas e outras significações religiosas. A teologia estuda as religiões e ouve seus fiéis visando aperfeiçoar sua tarefa de pensar-o-ser-humano-em-relação-a-Deus, reconhecendo que qualquer experiência ou fenômeno religioso tem Deus como fundamento, não obstante seus condicionamentos culturais, psicológicos, históricos, doutrinas e performáticos específicos. Essa presença de Deus é anunciada em meio à presença do Mal: o fiel diz Deus está presente e reconhece que o diabo está no meio; percebe no dia-a-dia que Bem, cura, perdão e salvação estão misturados a Mal, sofrimento, pecado e injustiça. Apoiado na fé em Deus que salva, o fiel agencia essa imanência/transcendência de Bem e Mal em estruturas teológicas ambíguas como comunicação com o Além, divindades mediadoras como espíritos, orixás e Espírito Santo, e ritos de mediação como sacramento, confissão, oferenda, romaria, culto, transe, oração, bênção e sacrifício – inclusive a busca de santidade, de justiça social e o apelo moral. Os princípios protestantes são apenas marginais na estrutura teológica do imaginário religioso. Embora se perceba uma intensa presença protestante, inclusive operando mudanças significativas na vida dos fiéis, raramente as igrejas evangélicas incidem nas estruturas sociais, religiosas e ideológicas do país. Para que se faça ouvir, o protestantismo precisa ouvir o imaginário, aproximar-se de suas estruturas teológicas. Nessa tarefa se vale de seu patrimônio teológico fundado na assimetria entre princípio e forma, entre Revelação e manifestação de Deus, o que lhe permite ser fiel aos seus princípios e, ao mesmo tempo, agenciar as estruturas teológicas do imaginário religioso. Nesse processo o protestantismo compõe uma teologia imanente que reconhece a ambigüidade de Mal e Bem, e uma teologia mística protestante, que ritualiza esta e outras ambigüidades do imaginário. Desta forma são associadas racionalidade e estética teológicas, relativizando tanto o extremo-racionalismo protestante clássico quanto o extremo-emocionalismo neoprotestante. Sem claudicar no testemunho do lugar natal de Deus manifestado na Cruz de Jesus Cristo, essa teologia ambígua abre o protestantismo para o reconhecimento da manifestação de Deus nas religiões não cristãs, para a unidade protestante, para uma imagem-de-Deus-racional-e-não-racional e para uma liturgia e piedade que alie à mediação da Palavra outras singularidades de Deus, como a arte cristã.



Abstract

The Brazilian religious imagery manifests God's presence; the sacred thrives in “candomblé”, spiritism, Catholicism, “umbanda”, in the Evangelical churches and other religious significances. Theology studies the religions and hears their faithful aiming at improving their task of thinking-the-human-being-in-relation-to-God, recognizing that any religious experience or phenomenon has God as its foundation, in spite of its specific cultural, psychological, historical, doctrinal and behavioral conditionings. This presence of God is announced in the midst of the presence of Evil: the faithful says God is present and recognizes that the devil is in between; the faithful perceives in daily living that the Good, the cure, pardon and salvation are mixed with Evil, suffering, sin and injustice. Supported by faith in God who saves, the faithful organizes this immanence/ transcendence of Good and Evil into ambiguous theological structures such as communication with the Beyond, mediating divinities such as spirits, “orixás” (African divinities) and the Holy Spirit, and mediating rites such as sacraments, confession, offerings, pilgrimages, worship, trance, prayer, blessing and sacrifice – including the search for holiness, for social justice and moral appeal. The Protestant principles are only marginal within the theological structure of the religious imagery. Although one can perceive an intense Protestant presence, even to the point of working significant changes in the life of the faithful, the Evangelical churches rarely impact the social, religious and ideological structures of the nation. To be heard, Protestantism needs to hear the imagery, to get nearer to its theological structures. In this task it makes use of its religious patrimony founded on the asymmetry between principle and form, between Revelation and God's manifestation, which permits it to be faithful to its principles and, at the same time, organize the theological structures of the religious imagery. In this process Protestantism composes an immanent theology that recognizes the ambiguity of Evil and Good, and a Protestant mystical theology, that ritualizes this and other ambiguities of the imagery. In this way theological rationality and aesthetics are associated, relativizing the classical protestant extreme-rationalism as well as the neoprotestant extreme-emotionalism. Without wavering in the witness of the birth place of God manifested in the Cross of Jesus Christ, this ambiguous theology opens Protestantism to the recognition of God's manifestation in non-Christian religions, to Protestant unity, to a rational-and-non-rational image of God and to a liturgy and piety that allies other singularities of God to the mediation of the Word, such as Christian art.

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